Aulas de música e o incentivo em casa
Sabe-se hoje o
quanto a música é importante para o desenvolvimento infantil. Como
fonoaudióloga posso falar dos benefícios que a exposição precoce à música traz
desenvolvimento da discriminação e da atenção auditiva e consequentemente da
percepção fonológica dos fonemas (sons da fala) para fala e para a escrita.
No início
deste ano Josué teve a oportunidade de realizar algumas aulas de música em
grupo com a professora Ana Borba, o que foi ótimo principalmente pra mim que
fiquei junto nas aulas e pude reproduzir algumas atividades durante a semana.
A partir
destas aulas tento ir reforçando em casa conforme a criatividade e a inspiração
do dia! Compramos o livro de musicalização infantil com várias músicas simples
que trabalham a percepção auditiva indicado pela professora, vem com cd o que
ajuda muito! Um investimento bem interessante de termos em casa para cantarmos com nossos filhos.
Falando nisso
coloco a seguir uma pequena entrevista que fiz com a professora Ana, e ela com
muito empenho respondeu.
Cantar com os filhos é uma boa estimulação musical ?
Sim.
Citarei uma parte de um artigo publicado pela ABEM (Associação Brasileira de
EducaçãoMusical), comentando sobre uma família com filhos iniciando o
instrumento musical, e que foramexpostos aos estímulos de canções pelos pais:
O
aprendizado musical dos filhos e vivência musical familiar é essencial, pois
permite que eles
[...] construam histórias de relação com a música, pois muitos
momentos, conforme
narram os pais, são vividos, experienciados, “curtidos”
sonoramente, com canções
cantadas improvisadamente pelos pais, com canções de ninar que a
mãe cantava,
com audição musical, com brincadeiras, com o dançar e sentir a
música no corpo,
sempre com alegria e prazer. [...]
Um outro movimento aparece no conhecimento musical, se assim
podemos dizer,
dessa família: o gosto e o cultivo musical já existia nos pais. No
entanto, quando um
filho começa a aprender formalmente a tocar um instrumento
musical, encontra
ressonância e muito estímulo nos pais, e é o filho de seis anos
que leva para casa,
agora, um saber musical instituído, conhecimentos que os pais não
têm, mas que se
desafiam a entender um pouco, para continuar estimulando o filho a
realizar tal
atividade e seguir nesse fazer musical.
Mediante
este exemplo, cantar com os filhos permite que estes tenham estímulos muito
agradáveisno porvir, independendo se os pais sabem de música ou não. Para ler
este artigo completo, acesse:
http://www.abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista21/revista21_completa.pdf
Que musicas são indicadas?
Dar
preferência em cultivar o repertório que os pais gostam é boa alternativa.
Devemos tambémpensar no contexto do desenvolvimento da criança, por isso,
inventar canções lúdicas com eles arespeito de uma atividade que deve fazer em
casa, como guardar os brinquedos, tomar banho,comer, etc. ou simplesmente para
se divertir, jogando um jogo, num momento de família ou aprendendo com os pais.
Se os pais tem dificuldade para estas composições, existem CDs como o
que
a Lizandra citou acima, que podem auxiliar. Mas é bom lembrar que de
preferência os pais precisam estar sabendo das canções para cantarem com os filhos.
Quando eles forem entrar em contato com a música de forma mais formal, eles se
lembrarão do quão gostoso era o tempo dospais e filhos juntos, se alegrando e
cantando.
A
maioria dos educadores musicais gostam de trabalhar canções folclóricas, por
serem fáceis de aprender e ricas musicalmente. Eu também procuro fazer isto com
meus alunos, o quanto julgo necessário. No em tanto, em se tratando do nosso
contexto cristão, temos que ter muito cuidado.
Precisamos
considerar que grande parte das folclóricas lidam com um passado um pouco
“sombrio” da nossa cultura, o que aconselho sermos criteriosos nestas escolhas.
Sempre
após uma atividade intensa é bom aprender a relaxar. Para estes momentos,
sugiro música clássica. Hoje em dia existem inúmeros CDs clássicos voltados às
crianças das mais diversas idades. Alguns deles são produzidos com arranjos
diferentes que permitem a criança começar a distinguir cada instrumento que
toca. Com o passar dos anos, pode-se introduzir aos poucos arranjos
mais
densos, estas são as peças clássicas na íntegra.
Que instrumentos musicais você indica para termos em casa?
Os
de percussão em geral.
Para
crianças com até 1 ano e meio é um pouco difícil tocar instrumentos com
baquetas, por isso sugiro bolinhas com guizo dentro, maracas, pandeiros,
martelinhos sonoros,etc. É importante que os pais também coloquem estes
pequenos em contato com outros instrumentos, mostrando para eles e
tocando
com eles. Assim, eles começam a perceber e diferenciar os sons.
Para
crianças por volta dos 2 anos de idade, sugiro a introdução das baquetas.
Tambores, recorecos, agogôs, platinelas, pratos, etc.
Por
volta dos 3 anos, se a criança teve um bom estímulo da motricidade com os
instrumentos acima, ela começa a tocar xilofones e metalofones, percutindo a tecla
que ela quiser. Aqui é bom começarmos a expor a escala de Dó Maior (Dó, Ré, Mi,
Fá, Sol, Lá, Si e Dó), ascendente e descendente, o que a ajudará a ter
consciência das sonoridades das teclas. Esta é a introdução dos instrumentos
melódicos.
A
partir dos 5 ou 6 anos - depende da criança e da análise de um professor - ela
já estará apta para iniciar um instrumento musical, melódico ou harmônico,
desejado por ela. Aqui, eu particularmente indicaria a flauta doce, por ser
mais ergonômica, de simples digitação e embocadura. Indico o teclado como
segunda opção, já que as teclas do teclado podem ser mais leves e também possui
fácil digitação. Porém os acordes podem demorar tempo para serem realizados,
posto que necessita de uma mão maior que de uma criança de 5 anos.
Existem
escolas especializadas em ensinar crianças nesta idade, em quase qualquer
instrumento.Isto vai muito do que a criança prefere e os pais se dispõe a
apoiarem.
Que outras atividades simples poderiam ser feitas com crianças
pequenas para o início do conhecimento musical?
As
atividades que devemos fazer, deve sempre relacionar um, alguns, ou todos os
quatro parâmetros sonos, que são: “Intensidade”, “Altura”, “Duração” e
“Timbre”.
Intensidade:
O som pode ser Fraco ou Forte. Popularmente chamamos isto de “volume”. Aqui
você simplesmente pode cantar canções variando: vezes suavemente, vezes
fortemente (ou gradativamente de um para o outro). Deixe isto bem claro para
seu filho.
Altura:
O som pode ser Agudo ou Grave. Popularmente chamamos de um som “fino” ou
“grosso”.Você pode reproduzir o som da voz do papai que é grave, o som da voz
mamãe que é médio e o som da voz do filhinho que é agudo. Assim poderá fazer
com outros elementos, incluindo os instrumentos musicais.
Duração:
O som pode ser Curto ou Longo. Você pode mostrar isso para seu filho
reproduzindo sons de animais. Por exemplo: o cachorro, faz sons curtos
(“au-au-au”), a vaca, faz som longo (“muuuuuuuuu”).
Timbre:
É como se fosse a “cor do som”. É assim que nosso ouvido distingue o Dó de um
piano ou um Dó de um violino. Você pode fazer sons com seu filho de diversos
elementos tais como madeira, metal, vidro, plástico, pedra, e o que tiver
oportunidade, para mostrar a ele que cada um tem uma característica sonora.
Depois, esconda-os e percuta algum para seu filho descobrir sem olhar, que
elemento você percutiu.
Pronto!
Depois de trabalhar tudo isso, em cada fim de atividade do dia, dê a
oportunidade ao seu filho de fazer um relaxamento com apreciação musical. Deite
ele sobre seu colo ou no chão e coloque uma música clássica para ele escutar.
Ela provavelmente terá todos estes elementos reunidos em uma só peça!
Fotos da nossa aula de despedida, duas turmas juntas.
Obrigada
professora por todo o tempo de dedicação, o Senhor abençoe teu trabalho agora
em Lagoa vermelha/RS!